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Iracema. A virgem referia os sucessos da tarde: avistando a figura sinistra de Irapuam saltou sobre o arco, e unio-se ao flanco do jovem guerreiro branco.

Martim a affastou docemente de si, e promoveu o passo.

A protecção, de que o cercava a elle guerreiro a virgem tabajara, o desgostava.

— Araken, a vingança dos tabajaras espera o guerreiro branco; Irapuam veio busca-lo.

— O hospede é amigo de Tupan: quem offender o estrangeiro ouvirá rugir o trovão.

— O estrangeiro foi quem offendeu a Tupan, roubando sua virgem, que guarda os sonhos da jurema.

— Tua boca mente como o ronco da jiboia: exclamou Iracema.

Martim disse:

— Irapuam é vil e indigno de ser chefe de guerreiros valentes!

O Pagé fallou grave e lento:

— Si a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor de seu corpo, ella morrerá; mas o hospede de Tupan é sagrado; ninguem lhe tocará, todos o servirão.