Saltar para o conteúdo

Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/66

Wikisource, a biblioteca livre
- 46 -

Irapuam bramio; o grito ronco troou nas arcas do peito, como o fremito da sucury na profundeza do rio.

— A raiva de Irapuam não pode mais ouvir-te, velho Pagé! Caia ella sobre ti, si ousares subtrahir o estrangeiro a vingança dos Tabajaras.

O velho Andira, irmão do Pagé, entrou na cabana; trasia no punho o terrivel tacape e nos olhos uma sanha ainda mais terrível.

— O morcego vem te chupar o sangue, si é que tens sangue e não mel nas veias, tu que ameaças em sua cabana o velho Pagé.

Araken affastou o irmão:

— Paz e silencio, Andira.

O Pajé desenvolvera a alta e magra estatura, como a caninana assanhada, que se enrista sobre a cauda, para affrontar a victima em face. As rugas affundarão; e repuxando as pelles engelhadas, esbugalharão os dentes alvos e afilados:

— Ousa um passo mais, e as iras de Tupan te esmagarão sob o peso desta mão secca e mirrada!

— Neste momento, Tupan não é comtigo! replicou o chefe.