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— Um achado sublime. Achei-o corrigido pelo tempo e pelas desgraças. O cadinho serviu; antes era um peralta; agora é um homem de bem.

— Ora, deixe-me abraçá-lo...

— Abrace-me... abrace-me. E a menina?

— Está boa...

— Mais alegre?...

— Vai vivendo...

— Pois eu lá hei de ir hoje... Crê que ela terá prazer em ver-me?

— Por que não?

Os dois velhos separaram-se. Quase a sair, Vicente foi chamado por Davi, que lhe disse:

— Olhe, sabe que meu filho vem amanhã?

— Ah!

— Há de ver... que rapagão!

No dia seguinte o poeta apresentou-se em casa de Vicente. Emília foi recebê-lo.

— Ora, viva! disse ela, como está? Como se deu fora estes dois meses?... Sabe que a sua ausência foi sentida como se fora a de um amigo de longo tempo?

— Desconfio...

— Pois é verdade. Então, ainda volta?

— Não. Fico de uma vez.

— Tanto melhor.

— E desde já imponho, como condição disto, um perdão de sua parte.

— Um perdão?

— É verdade: um perdão.

— Que crime cometeu?

— Ah! não sou eu o culpado... é outro... É ele.

Emília abaixou os olhos e estremeceu.

— Ele... Valentim... meu filho.

— Filho... Pois?...

Vicente entrou na sala...

— Ajude-me, amigo, nesta empresa: eu peço o perdão de sua filha para meu filho.

— Seu filho... Quem?

— Valentim!

— Ah!

— E ao mesmo tempo pedir licença para uma reparação. Mas ouçam antes: não lhe disse algumas vezes, sr. Vicente, que eu tinha um desgosto em minha