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JORNAL DAS FAMILIAS.


XI.

No cemiterio.
Paz constante,
Tem ali seu imperio...
Costa e Silva.

Era em dia de finados.

Multidão ruidosa invadia o cemiterio de ***. Uns tristes e recolhidos, outros alegres, mais por passeio do que por dever a elle concorriam.

Duas moças trajando rigoroso luto, acompanhadas por um homem de uns quarenta annos e uma senhora de edade se apearam á porta do cemiterio.

Percorreram-o em diversos sentidos depois paráram deante de uma sepultura, em cuja pedra tumular haviam quatro candelabros de prata com velas acesas.

Ahi se demoráram um quarto de hora pouco mais ou menos.

A esquerda na terceira fileira de sepulturas, junto da sepultura cujo epitaphio aqui transcrevemos estavam quatro moços, trajando luto.

Palmyra reconheceu dois.

Eram os intimos amigos de B.....

A moça encostou-se ao braço de Nóla para não cahir.

Depois acercou-se da grade da sepultura onde descansou as mãos, e tentou ler o epitaphio.

Depois com o olhar desvairado dirigindo-se a um dos moços lhe disse com voz meiga e branda.

— Senhor,... Tenha a bondade de dizer-me de quem é essa sepultura. O moço hesitava.

— Diga-me senhor, pelo amor de Deus, disse ella em voz baixa.

— Senhora, aqui jaz o corpo inanimado de um moço intelligente e pobre, de um filho extremoso, de um amigo dedicado, de um... coração nobre e puro...

— E o senhor sabe como elle se chamou na vida?

— Seu nome... disse um dos moços, escreveu-o elle em mais de uma pagina brilhante, em mais de um coração sensivel. Chamava-se B*** de ***.

Duas lagrimas se deslisáram silenciosas pelas pallidas faces da moça.

Ella colheu duas violetas, pol-as no seio, e voltando-se para os moços: — Obrigada senhores. E depois disse á mãe: — Mamãe, se eu morrer, quero ser sepultada ao pé d’esta sepultura.

E afastou-se lentamente.