Pois bem:
alma forte e coração sereno!... Quem isso tem, entra na salamanca, toca o condão mágico e escolhe o quanto quer...
Alma forte e coração sereno! A furna escura está lá: entra! Entra! Lá dentro sopra um vento quente que apaga qualquer torcida de candeia... e tramado nele corre outro vento frio... que corta como serrilha e geada.
Não há ninguém lá dentro... mas bem que se escuta voz de gente, vozes que falam... falam, mas não se entende o que dizem, porque são línguas atroadas que falam, são os escravos da princesa moura, os espíritos da teiniaguá... Não há ninguém... não se vê ninguém: mas há mãos que batem. como convidando, no ombro do que entra firme, e que empurram, como ainda ameaçando, o que recua com medo...
Alma forte e coração sereno! Se entrares assim, se te portares lá dentro assim, podes então querer e serás servido!
Mas governa o pensamento e segura a língua: o pensamento dos homens é que os levanta acima do mundo, e a sua língua é que os amesquinha...
Alma forte e coração sereno!... Vai!
Blau, o guasca,
apoiou-se; meneou o flete e por de seguro ainda pelo cabresto prendeu-o a um galho de camboim que verga sem quebrar-se; rodou as esporas para o peito do pé; aprumou de jeito o facão; santiguou-se, e seguiu...
Calado fez; calado entrou...
O sacristão levantou-se e o seu corpo desfez-se em sombra na sombra da reboleira.