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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/147

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“Oh,—­exclamou elrei, lançando os olhos para cima do desalmado folio, sobre cujas paginas amarelladas estava empilhado o dinheiro —­temos os dous mil maravedis?!”

“Saiba vossa real senhoria que felizmente tinha em meu poder uma somma pertencente a Jeroboão Abarbanel, o mercador da porta do mar, e de que não me lembrava: ao basculhar as arcas dei com ella: a quantia está completa, e o honrado mercador não levará por certo mais de cinco por cento ao mez, emquanto os ovençaes de vossa senhoria não vierem entregar no thesouro o producto dos direitos reaes vencidos. Então pagar-lhe-hei, até á ultima mealha, a quantia e seus lucros, se vossa senhoria não ordena o contrario.”

“Faze o que entenderes, D. Judas:—­respondeu elrei, que não o ouvira, attento a metter n’uma ampla bolça de argempel, que trazia pendente do cincto, os dous mil maravedis.—­Tudo fio de ti, honrado e Seal servidor.”

E recolhidos os maravedis, saíu. O judeu ficou só.

“No inferno ardas tu com Dathan, Coré e Abiron, maldicto nazareno!...—­murmurou elle.—­Porém não antes de eu haver colhido os dous...quero dizer, os tres mil e duzentos maravedis,