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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/157

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Taca, Diogo Lopes incumbíra a Fernão Vasques, podesse ainda desempenha-la, atalhando a fuga de D. Leonor. Estas considerações que lhe haviam passado rapidamente pelo espirito, e o vêr que mestre Bartholomeu não levava geito de acabar, o moveram a falar ao tanoeiro, que só o sentíra quando elle lhe descarregára sobre o hombro a ponderosa mas amigavel palmada.

“Com mil e quinhentos satanazes!—­exclamou mestre Bartholomeu, voltando-se e vendo ao pé de si o beguino.—­Sabia que a mão da sancta madre igreja era pesada; mas não pensava que o fosse tanto! Que me quereis, Fr. Roy?”

“Dizer-vos que podeis mandar saír vossos esculcas de sua atalaia; porque poderiam chegar a curtir o inverno ahi antes de verem elrei chegar e passar para S. Domingos.”

“Fr. Roy,—­replicou o tanoeiro, fazendo-se vermelho de colera—­para interromper-me com uma de vossas bufonerias não valia a pena de me aleijardes este hombro!”

“Tomae como quizerdes as minhas palavras; chamae-me o que vos aprouver, bufão ou mentiroso, mas a verdade é que não será hoje que os populares falarão com elrei.”

“Pois quê, morreu dos feitiços da adultera,