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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/320

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Eu vim trazer pão á feira, e ahi souhe da chegada de vossa real senhoria. Corri ... se eu correria para vos falar! Mas estes bôcas abertas não me deixaram passar. Abrenuncio! Depois estive a olhar... Parecieis-me carregado de semblante. Que é isso? Temos novas voltas com os excommungados castelhanos? Se assim é, trosquiae-mos outra vez por Aljubarrota, que a pá não se quebrou nos sete que mandei de presente ao diabo, e ainda lá está para o que der e vier.”

Soltando estas palavras, a velha tirou as mãos das algibeiras, e cerrando os punhos, ergueu os braços ao ar, com os meneios de quem já brandia a tremebunda e patriotica pá de forno, que hoje é gloria e brasão da gothica villa de Aljubarrota.

“Podeis dormir descançada, tia Brites:—­respondeu elrei, sorrindo-se.—­Bem sabeis que sou portuguez e cavalleiro, e a gente de nossa terra é cortez: elrei de Castella veio visitar-nos varias vezes: e agora eu ando na demanda de lhe pagar com usura suas visitações.”

Em quanto este dialogo se passava entre o heroe de Aljubarrota e a sua poderosa alliada, Martim Vasques tinha posto tudo a ponto; e dando as suas ordens da porta, as primeiras