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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/319

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“Mestre Ouguet:—­tornou o cégo, parando.—­Não sou tão vil que negue seu saber e habilidade: se a abobada desabar segunda vez, ninguem no mundo é capaz de a fechar com uma só volta, e para a firmar sobre uma columna erguida no centro, mestre Ouguet o fará. Quanto ao resto do edificio, fazei senhor rei que se prosiga meu desenho: é o que ora vos peço tão sómente.”

E o velho e o seu guia sumiram-se por entre as bastas vigas, que sustinham as traves dos simples: elrei, Fr. Lourenço, e os mais frades ficaram atonitos e calados.

“Que tão honrado mestre corra parelhas no risco com esses perros castelhanos cousa é que se não póde soffrer: mas o voto é voto, senão...”

Estas palavras partiam da bôca d’uma gorda velha, cuja tez avermelhada dava indicios de compleição sanguinea e irritavel, e que de mãos mettidas nas algibeiras, na frente de uma das alas do povo presenceava o caso.

“Tendes razão, tia Brites d’Almeida; e por ser voto me calo eu:—­acudiu elrei, voltando-se para a velha.—­Mas juro a Christo, que estou espantado de só agora vos vêr! Porque me não viestes falar?”

“Perdoe-me vossa mercê:—­replicou a velha.—­