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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/42

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antes tão incrivel prophecía—­exclamou elle por fim—­sem que me expliques o modo por que se deve realisar esse terrivel successo; e como ha-de o ferro do assassino ou do algoz vir dentro dos muros de Azzahrat verter o sangue de um dos filhos do kalifa de Korthoba, cujo nome, seja-me licito dize-lo, é o terror dos christãos, e a gloria do islamismo?”

Al-muulin tomou um ar imperioso e solemne, estendeu a mão para o throno, e disse:

“Assenta-te, kalifa, no teu throno, e escuta-me, porque em nome da futura sorte do Andalus, da paz e da prosperidade do imperio, e das vidas e do repouso dos mussulmanos eu venho denunciar-te um grande crime. Que punas, que perdoes, esse crime tem de custar-te um filho. Successor do propheta, iman [1] da divina religião do Koran, escuta-me, porque é obrigação tua ouvir-me.”

O tom inspirado com que Al-muulin falava, a hora de alta noite, o negro mysterio que encerravam as palavras do fakih tinham subjugado a alma profundamente religiosa de Abdu-r-rahman. Machinalmenlte subiu ao throno, encruzou-se em cima da pilha de coxins em

  1. Pontifice. Os kalifas reuniam em si o summo imperio, e o summo pontificado.