Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/51

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obrigado a esconder-se debaixo do manto da indifferença, e até da submissão. Al-barr, o orgulhoso Al-barr, que tu offendeste no seu amor proprio de poeta, e que expulsaste de Azzahrat como um homem sem engenho nem saber, quiz provar-te que ao menos possuia o talento de conspirador. Foi elle que preparou este terrivel successo. Has-de confessar que se houve com destreza. Só n’uma cousa não: em pretender associar-me aos seus designios. Associar-me? ... não digo bem ... fazer-me seu instrumento ... A mim! ... Queria que eu te apontasse ao povo como um impio pelas tuas allianças com os amires infiéis do Frandjat. Fingi estar por tudo; e chegou a confiar plenamente na minha lealdade. Tomei a meu cargo as mensagens aos rebeldes do oriente e a Umeyya-ibn-Ishak, o alliado dos christãos, o antigo kaid de Chantaryin. Foi assim que pude colligir estas provas de conspiração. Loucos! as suas esperanças eram a miragem do deserto... Dos seus alliados apenas os de Zarkosta e das montanhas de Al-kibla não foram um sonho. As cartas de Umeyya, as promessas do amir nazareno de Djalikia, [1] tudo era feito por mim.

  1. Os árabes designavam os reis de Oviedo e Leão pelo titulo de reis de Galliza.