Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/87

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baixa e hesitando—­não vos apoquentarão, ainda que elrei o quizesse, porque o alcaidemór João Lourenço Bubal não é dos affeiçoados a D. Leonor Telles. Sancta Maria e Sanctiago sejam comvosco! Alcacer, alcacer pela arraya-miuda! A repousar, amigos!”

—­“Alcacer, alcacer!—­respondeu a turbamulta.

“Morra a comborça!”—­gritou Ayras Gil com voz de trovão.—­“Morra a comborça!”—­repetiram os galeotes e as virtuosas matronas dos coromens d’arrás e cinctos pretos, que assistiam áquelle conclave.

“Olha, Ayras, que S. Martinho fica perto, e contam que D. Leonor tem ouvido subtil:”—­disse Fr. Roy ao petintal com um sorriso diabólico.

“Dor de levadigas te consumam, ichacorvos!”—­replicou o petintal.—­“Quando eu quero que me ouçam é que falo alto. Alcacer por sua senhoria o bom rei D. Fernando! Deus o livre de Castella e de feitiços!”

O petintal emendava a mão como podia. E entre morras e alcaceres; entre risadas e pragas; entre ameaças vans e insultos inuteis, aquella vaga de povo contida na taberna de micer Folco, espraiou-se pelas ruas, derivou pelas quelhas, vielas e becos, e embebeu-se pelas