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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/89

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dos seus pensamentos, estremeceu, e, saltando do escabello, onde ainda se conservava em pé, encaminhou-se rapidamente para os dous cavalleiros:

“Senhor infante, que vossa mercê me perdôe e o senhor Diogo Lopes Pacheco! Á fé que, no meio d’este arruído, quasi me esquecêra de que ereis aqui. Estaes desenganados por vossos olhos de que posso responder pelo povo, e de que ámanhan não faltarão em S. Domingos?”

“Na verdade—­respondeu o mancebo—­que tu governas mais nelle que meu irmão com ser rei! Veremos se ámanhan te obedecem como te obedeceram hoje.”

“És um notavel capitão:—­accrescentou Diogo Lopes, rindo e batendo no hombro do alfaiate.—­Se fosses capaz de reger assim em hoste uma bandeira de homens d’armas merecerias a alcaidaria de um castello.”

“Que só entregaria, no alto e no baixo, irado e pagado, de noite ou de dia, áquelle que de mim tivesse preito e menagem.”

“Bem dicto!—­interrompeu o velho Pacheco, no mesmo tom em que começára.—­Se t’a negarem não será por errares as palavras do preito. Tem a certeza, de que has-de ir longe, Fernão Vasques; muito longe! Assim eu a tivera, de que não