Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/108

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bosque curva-se para o meio-dia; e galgando por cima daquellas mil frontes inclinadas das plantas gigantes, das rainhas magestosas da vegetação, os turbilhões da atmosphera agitada rolam pela planicie coberta já de relva entresachada das primeiras florinhas. Então, relva e florinhas murcham-se esmagadas pelas mãos da procella, que tudo alcançam, fustigam e desbaratam. Os carvalhos frondosos e as boninas rasteiras, com a fronte pendida para a terra, como outros tantos symbolos do desalento, não ousam ergue-la para o céu. É que, rugindo, a rajada cahe da montanha em perenne catadura. Ás vezes, como por brinco infernal, o vento finge adormecer um instante, e depois remoinha e apruma os topos das arvores e as corolas das flores, mas é para logo as vergar com mais força, e apupar com o silvo insolente aquella rapida esperança, que se desvaneceu tão breve.

E quando o vento acalma é para saltar ao ponente ou ao sul. A rajada já não silva da montanha: uma bafagem tepida vem da banda do mar; mas o ceu está toldado e o ar humido: o dia passa melancholico e pesado sobre a bonina que a nortada açoutou: ella não pôde saudar o sol no oriente: está pendida e murcha como a ventania a deixára. A noite