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Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/151

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nos um par completo; e com bom fundamento: o Manuel da Ventosa era um galhardo mancebo, unico herdeiro de ginja abastado, e Bernardina uma rapariga honesta. As beatas da aldeia, ás quaes, conforme a direito, incumbia pôr ao soalheiro a vida privada de cada uma, no capitulo da honra nunca se tinham atrevido a ir devassar a barraquinha de Perpetua Rosa. Podia a senhora Perpetua Rosa gabar-se dessa! E de feito, muitas vezes, mettida no rio até os joelhos, em discussões acaloradas com as suas illustres amigas, as outras lavadeiras pelo circulo de Lisboa, a ouvi empraza-las para que formulassem precisamente certas interpellações infundadas, rejeitando com desprezo alguns remoques bernardos relativos a Bernardina, e appellando para a opinião do paiz representada pelos seus orgãos, as beatas do soalheiro.

Mas se os dous se amavam com tanto extremo, e eram feitos e talhados para puxarem o mesmo carro matrimonial, porque não íam pedir ao padre prior o conjungo vos? Ahi é que certo animal torcia certa parte do corpo, que eu e o leitor sabemos. Por não terem pedido esclarecimentos sobre o facto é que as lavadeiras faziam declamações vagas.

Eis o caso: o Bartholomeu da Ventosa era rico e avaro; mas bestialmente avaro: Perpetua