meu sancto martyr; e eu a querer revestir o padre prior para a missa cantada e a vêr-me doudo na escolha da vestimenta. Vermelho? Saltava-me a canzoada dos criticos:—Fóra ignorantão! Vermelho na segunda oitava da Natividade!? Vae ler o Claudio de Vert, alarve! vae ler o Campello, o Gavanto, o Lambertini.”—Atarantado com a grita, atirava-me ao gavetão da vestimenta branca. Peior! Vinha-me outra surriada de sotavento:—Olha a alimaria! Não querem ver? A um martyr vestimenta branca! Hypocrita! que nos anda aqui a prégar sermões a favor dos padres e dos frades, e ainda não sabe qual é a sua vestimenta direita. Ahi tem os taes escrevedores d’agua doce, que se riem á socapa das arcadias, e das odes pindaricas, e da sciencia em notas, e das chronologias dos academicos. A gente que fazia essas cousas trazia as vestimentas na ponta da lingua: distinguia-as como hora horae de servus servi. Vae ler, oh taboa rasa de Locke, vae ler o Prado, o Clericato, o Bauldry, o...”
E eu, que não podia ir ler tanto calhamaço em folio, em quarto, em oitavo, e em doze, estacava, punha-me a gaguejar, perdia o fio da narrativa, e não proseguia nesta notavel historia do padre prior, a qual me abriria as portas do Instituto Historico de París, se eu fosse