para tres de março) neste grande dia do orago pilhára ao moleiro duas graças a um tempo, a de deixar em descanço o seu tonel das Danaides, a implacavel joeira, e a de poder assistir á festa e ouvir a missa cantada e o sermão, em vez de ir acabar o pesado somno da madrugada á missa das almas. Gabriel, que assim se chamava o rapaz, ou antes Graviel, segundo a mais euphonica pronuncia saloia, vestiu logo pela manhan as suas calças e jaqueta de bombazina em folha, e o seu colete vermelho, engenhado de um do patrão a trôco de dous mezes de soldada, calçou as botifarras novas, e enterrou o barrete azul e encarnado na cabeça, derrubando-o para traz, e sem fazer caso do almoço (pois era uma açorda que os anjos a comeriam) desandou, outeiro abaixo, pela volta das sete e trinta e cinco minutos da manhan, caminho da parochia. Via-se que um grande negocio lhe occupava o espirito, por isso que levava os olhos cravados no campanario, e sem fazer caso das trilhas, cortava por entre as restevas, escorregando, aqui, nas pedras soltas, levando-as, acolá, diante dos bicos agudos das botifarras. Chegou. O sacristão, que estava á porta da igreja, apenas o lobrigou poz-se a rir, porque logo entendeu o verso. Gabriel era um dos maiores pimpões em repicar sinos que
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