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Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/253

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idade, com o caracter, e mais que tudo com a fama de ricaço de que Bartholomeu gosava, conteve os murmurios dos poucos, a quem as diligencias communs para penetrar na igreja haviam consentido attender ao duro castigo que convertêra Gabriel n’um como bode emissario dos peccados de muitos. Quando, porém, o mesquinho rapaz cahiu em terra, a indignação dos seus co-réus rebentou. O moço do Agostinho, posto que a medo, alevantou a antiphona.

“Tambem é bater á bruta! Agora, a prove creança fez-lhe algum mal?! Vá bater assim no diabo. Olha não matasse aquelles milordens!...”

“Entre, sô doutor!—­atalhou Bartholomeu, atirando umas escorralhas de pontapé, que ainda lhe titilavam nos tendões da perna direita, ao limite inferior das vertebras de Gabriel, já que não podia sem risco applica-las ao orador. Essa fôra, todavia, a sua primeira inspiração.

“Ai, é para isso que uma mãe cria um filho! Coitadinho, já não tens pae! Não fôras tu orfo e prove. Mas cal-te, bôca. A gente sempre vê coisas!”

Ouvindo estas palavras, proferidas por uma voz feminina conhecida, o velho moleiro voltou-se. Era a senhora Perpetua Rosa, que,