Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/270

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voz do ministro, que pretendia desemaranhar aquella inextricavel questão de orçamento. Ninguem se entendia: era completamente parlamentar.

Neste momento, á porta de um corredor que dava para a sacristia, appareceu de subito, já meio revestido, o padre prior. O motim do adro tinha ecchoado lá dentro. Á vista daquelle aspecto veneravel e venerado fez-se prompto e profundo silencio.

“Que estrupida é esta?”—­perguntou o velho parocho com aspecto carregado e voz severa.—­“É na vizinhança da casa de Deus, na hora em que vão celebrar-se os divinos mysterios, que os meus honrados parochianos vem tecer disputas e travar-se de razões, em vez de guardarem a compostura e devoção com que devem preparar-se para o tremendo sacrificio do altar? Rixas e apupadas no dia do bem-aventurado S. Pantaleão?! Não o soffro. Vamos, expliquem-me a causa de tal barulho. Que foi isto?”

“São estas descaradas....”—­gritou Bartholomeu.

“Saiba vossenhoria....—­acudiu ao mesmo tempo a tia Jeronyma.

“É este insolente...”—­interrompeu Perpetua Rosa.