arraes, especie de Buonaparte juncto ás Pyramides, nos apontava para a escotilha d’avante, a escotilha da boca do porão, e parecia dizer-nos no seu gesto mudo:—“Ahi quarenta dores rheumaticas vos esperam!”—Melhor era isso, comtudo, que amanhecer inteiriçados sobre a tolda; e assim, dando-nos por avisados, arremettemos com o abysmo.
Escada não a havia; e as trevas interiores não eram menos densas que as trevas exteriores, de que resa a Biblia, onde ha o chôro e o ranger de dentes. A altura, porém, não devia ser grande. Como os cavalleiros do Palmeirim d’lnglaterra, cada um de nós se encommendou á dama dos seus pensamentos, e do modo que pôde desceu áquella especie de bolgia dantesca.
O chasse-marée, destinado a transportar gado de França para as ilhas do Canal, ía em lastro, e o lastro era d’areia. Se não fossem os terriveis balanços da embarcação, a pocilga em que nos achavamos poderia passar ao tacto, unico sentido de utilidade naquella situação, por uma praia deserta. Depois de apalparmos por largo tempo em volta de nós, achámos por fim uma véla e alguns cabos, lançados para uma extremidade do areal fluctuante. Ao menos tinhamos um leito, se não mais macio, ao menos mais enxuto que esse com que já contavamos. Uma