Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/127

Wikisource, a biblioteca livre

Lourenço reparando na mudança, sentiu-se comovido.

Para consolar a moça, apertou-a contra o coração com ternura e meiguice infantil.

— Para que diz isso de mim, Bernardina? Você bem me conhece, e sabe que eu não sou de prometer uma coisa e fazer outra.

Nisto o cão, que há pouco ladrara, começou a ladrar de novo. Ouvindo os latidos, Bernardina sentou-se na rede.

— É sinhá Manuela que volta. Não posso mais demorar-me.

— Talvez não seja ela. Fique ainda um instantinho só, Bernardina.

— Não; adeus. Se não nos virmos mais, leve este abraço para mamãe, e este outro para Marianinha.

Assim falando, a rapariga, de pé, inclinada sobre a rede, suspendeu e apertou por duas vezes o rapaz aos seios em quantas forças tinha.

— Este agora é o seu - disse por fim.

Lourenço, que estava já também de pé, foi o primeiro a tomar ente os braços Bernardina, cujas formas, com o ardente contato da despedida, lhe deixara no corpo deleitoso quebranto.

— Dou-lhe este abraço, para que você não se esqueça de mim.