Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/269

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o nosso chefe o governador no levante dos mascates - as nossas súplicas e instâncias, para que aceitasse o primeiro lugar à frente de nós, nessa revolução tão nobre quanto justa. Sabeis, tão bem como eu, que surdo às nossas rogativas, a sua resposta foi uma recusa formal, foi um ato de desânimo, inspirado talvez em piedosa ingratidão. Todavia, alguns dos que me escutam aqui agora, não afastaram de todo as vistas de sobre o prelado; e esperavam que mais cedo ou mais tarde, vendo os destroços daqueles que o haviam elegido em Olinda para o chefe, se resolvesse a dar o passo direito, e único adequado à nossa salvação e glória. Acabamos, porém, de saber que D. Manoel, intimado para se ausentar da sede do levante cem léguas, já está de marcha para as Alagoas, como corre a longínquo estábulo fraco cordeirinho apavorado por lobos carniceiros. Depois desta solução final da abortada esperança, dizei-nos senhores, o que nos resta? Devemos continuar aqui foragidos, nus e crus, ausentes de nossos filhos, os nossos engenhos e fazendas destroçados e seqüestrados, a nossa saúde enfraquecida pelas injúrias do tempo, fomes, vigílias, febres e frialdades, sem um físico que nos receite um xarope, os mantimentos escasseando de dia a dia, os inimigos levantando cada vez mais a cabeça deles, enquanto nós cada vez abaixamos mais a nossa? Preciso de saber o que resolveis.