Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/27

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que são as atuais autoridades, ou os sustentadores delas. Onde estão os nossos escravos? Uns morreram, outros fugiram; os que ainda restam, mal chegam para dar-nos água para os pés. Onde estão os nossos moradores, que os não vejo, por mais que estenda as vistas? Os que não ganharam, fugitivos, o sertão a fim de não servirem contra a sua vontade nos regimentos que o governador vai formando a seu modo, são velhos achacados, ou meninos que para nada prestam. Dizei-me, por caridade, com quem havemos de fazer frente aos carrascos?

— Tendes razão, João da Cunha - disse Luís Vidal. O baralho caiu nas mãos dos inimigos, que formam o jogo que lhes faz conta.

Cosme Cavalcanti redargüiu:

— Não perdi ainda a esperança de dar a esse governador que recebe em palácio aos pares as mulheres de má vida, e sustenta aí banca de jogo, a lição que receberam de nós, por várias vezes, os que com ele se dão agora àquele vício, deixando-se roubar, para terem o grande vicioso a seu lado. Corramos daqui a Itambé. Matias Vidal deve ter muita gente reunida para arrostar com os nossos opressores.

Ouvindo falar em Matias Vidal, os outros fidalgos sobrestiveram: aquele ilustre pernambucano, filho natural de André Vidal de Negreiros - um dos heróis da restauração - grangeara grande nomeada com a formação do batalhão sagrado, composto de sacerdotes