Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/30

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Depois de abraçar Luís Vidal e André Cavalcanti, João da Cunha encaminhou-se à escada.

— Vede bem como sois, observou Cosme acompanhando-o. Antes de pordes o pé na rua, examinai primeiro se há do lado de fora algum vulto suspeito. Andamos cercados de espiões.

— Não há novidades. Matias e José ficaram embaixo; trazem armas, são valentes, e já teriam vindo a meu encontro se houvesse qualquer desconfiança. A noite está medonha, mas eles são dois gatos do mato; vêem perfeitamente no escuro.

— Agora nós - disse Cosme a meia voz aos irmãos, tornando à sala do sobrado onde estas coisas se passavam. São dezoito horas. À meia-noite devemos achar-nos em marcha. Ide dizer adeus à família, enquanto tomo as últimas providências.

À meia-noite três cavalos selados, e cinco carregados deixavam-se ver no quintal da casa. As cargas eram formadas com barricas, caixões e malas. Nas barricas em que se imaginavam estarem metidos comestíveis, o que continha era pólvora e bala: nos caixões havia armas de fogo. Quando Zacarias, escravo de estimação de Cosme, veio dizer-lhe que as suas ordens tinham sido executadas, ele, com os dois irmãos, que desde as onze horas se achavam de volta, entraram para o quarto de vestir, e com pouco tornaram à sala. Mostravam-se inteiramente disfarçados. Cada um era um perfeito sertanejo com as suas perneiras, guarda-