Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/29

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— Aí - continuou Cosme - reunirei os meus vaqueiros e criadores que quiserem seguir-me: todos hão de seguir-me. Tenho fé que em menos de dois meses Félix José Machado há de tremer ao ouvir falar em meu nome.

Um momento de silêncio que sucedeu a esta declaração, indicou que os valorosos pernambucanos ali congregados refletiam sobre a sua sorte. Às palavras de Cosme, sempre de peso para os amigos, parentes e todos os que conheciam os seus grandes espíritos, seguiu-se breve mas solene interrupção. João da Cunha foi o primeiro que se libertou dessa prisão do prestígio natural da coragem e importância pessoal.

— E quando é vossa partida? perguntou.

— Para tão breve a tenho assentada que talvez seja esta a última vez que nos achemos juntos. Há muitos dias que me aparelhei para realizá-la. Vejo que é chegado o momento de deixar Goiana, a fim de poder ser útil a Goiana. Os inimigos não dormem. Devemos ser, como eles, espertos e diligentes.

Cosme levantou-se, deu alguns passos em direção a João da Cunha, abriu os braços, e apertou-o, entre eles.

— Se não virmos mais, seja esta a nossa despedida - disse.

Os dois fidalgos ficaram comovidos. Aquela cena foi tão inesperada, tão muda e tão eloqüente que não podia ser outro o sentimento dos que tomaram parte nela.