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Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/40

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A palhoça fôra de propósito feita entre umas árvores grandes e ramalhudas, muito juntas e entrelaçadas, que quase a encobriam do lado da estrada. Do lado oposto, porém, dava ela em um como descampado que se interpunha entre aquelas árvores e a renque de dendezeiros e cajueiros que circulava a lagoa, onde certa manhã Francisco surpreendera Marcelina a cortar juncos para fazer esteiras.

Logo que constou em Goiana o levantamento do cerco, Marcelina mandou Lourenço tomar o caminho do Recife.

— Não percas nem um dia, sequer; prepara o cavalo e corre a buscar Francisco. Ele já há de estar no Recife, ou na cidade; e quem sabe se não espera por condução para voltar? Quantas saudades tenho do meu marido!

E irresistivelmente as lágrimas de um amor sinceramente comovido começaram a bailar nos olhos da cabocla.

Marcelina tinha razão: havia alguns meses que Francisco estava ausente. Caindo na graça do ajudante de tenente, pelos bons serviços que, com lealdade e discrição admiráveis, lhe prestara desde que com ele se encontrara ao sair de Itamaracá, até a completa vitória, no dia 23 de agosto do ano precedente, Francisco, a quem Gil Ribeiro fizera grandes vantagens e prometera outras maiores, o tinha acompanhado