Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/44

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perdida tão boa ocasião de ganhar com que comprar uma engenhoca, adotou, por conselho da cabocla, outro meio de interesse. Muitos plantadores careciam de coragem para ir ao Recife vender os seus produtos; levavam-nos então a Goiana, onde os deixavam por baixo preço. Ao princípio com algumas economias de sua mãe, e depois já com lucros das primeiras vendas, Lourenço comprava o que ninguém queria mais nas feiras; e depois, conduzia os gêneros comprados para Olinda e Recife, e aí os revendia com grandes lucros. Esse lucros já chegavam para fazer aquisição de terras onde levantar uma engenhoca, e Lourenço tinha de olho uma meia légua de massapé que do outro lado das em que morava, estavam em capoeira, e pertencia a um sujeito que andava oferecendo por falta de braços que a cultivassem.

Não custou muito a Lourenço encontrar-se com Francisco no Recife; mas a sorte parecia querer caprichosamente prolongar a ausência do matuto, e as saudades de Marcelina. Apenas o primeiro viu o segundo, correu para ele e atirou-se em seus braços.

— Tu por aqui, Lourenço? E que novas me dás de Marcelina? Fala, fala logo, filho de minha alma.

— Deixei-a boa, Deus louvado. Foi ela que me mandou buscar vosmecê. E vosmecê ainda está de farda?

— E estarei por meus pecados. Nem tu sabes o