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Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/45

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que acaba de acontecer. Quando eu já me supunha livre e tratava de arrumar a minha trouxa, sabes o que havia de suceder? Oh! Estes mascates só queimados! Diabos os levem, os malditos.

— Que foi que sucedeu?

— Recebi ordem para continuar a servir el-rei. Maldita foi a hora em que disse a seu ajudante que vinha com ele.

— Que está dizendo, meu pai? Pois vosmecê que até poucos dias serviu aos nobres, vai agora servir aos mascates?

— É verdade, meu filho. Fizeram-me esta os endemoninhados. Mas isto não é o melhor; Queres saber o resto? Por ordem do governador, foram tomadas todas as presas que seu ajudante tinha feito em Itamaracá. Tu sabes que eu devia ter parte nelas, mas, agora, fico em branco.

— Que está dizendo?

— Lá se vão as nove sumacas e tudo o mais pela água abaixo - bois, cavalos, jóias, dinheiro; tudo vai entregar-se ao governador. Eu nas sumacas não tinha parte, porque seu ajudante as tomou em Itamaracá antes de ir para Goiana; mas no restante devia ter meu quinhão, e não era usura, não senhor. Olha, Lourenço, eu estou falando com o coração nas mãos. No ataque do engenho Garapu, em Ipojuca, atirei-me às trincheiras inimigas como doido. Recebi ali uma bala no ombro, que me deixou um rasgão no