Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/46

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couro, que já está são e logo te mostrarei. Os inimigos desampararam as trincheiras, e nós daí fomos a Tamandaré, encontrando sempre gente contrária a fazer-nos fogo. Onde seu ajudante se achava, eu com ele. Nunca virei a cara à bala. Se não chega o novo governador, teríamos de contar nova vitória. Mas os tempos mudaram-se, e de Tamandaré partimos para aqui, onde tivemos a notícia desta boa paga. Seu ajudante está muito desgostoso. E pelo jeito das coisas, parece que vamos ter nova guerra dos fidalgos contra os mascates.

— Antes isso, meu pai, de que ficar vosmecê às ordens desta gente ruim, que queimou a nossa casa e levou a nossa criação.

— Eu já me lembrei de desertar. mas além de não ser isso bonito, onde iria me meter, que eles não pudessem dar comigo? Mas, se os nobres quiserem novamente pegar em armas, podes dizer que nem um momento estarei com os pés de chumbo.

Quando ainda nem tinham dito um ao outro o necessário, um soldado aproximou-se de Francisco e intimou-o a que voltasse imediatamente ao quartel, por ordem superior. Para encurtar razões, algumas horas depois Francisco saiu em destacamento volante que devia auxiliar o Camarão em importantes diligências contra certos nobres de Serinhaém.

Lourenço voltou ao Cajueiro verdadeiramente amargurado.