Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/73

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conta esta obrigação? inquiriu o coronel Duarte de Albuquerque.

— Mas, senhores, tornou Falcão - refleti que, se não o fizer, ele próprio será preso, e talvez correrá risco a sua cabeça. Ignorais o ódio que lhe votam os principais dos mascates? Ignorais que já foi entre eles ponto resolvido tirar-lhe a vida? Tão fraco será D. Manoel, que nem ao menos se defenda? Não é possível. Chegou a ocasião de fazermos o Brasil grande e feliz. Não sou pela guerra de um partido contra outro, guerra pessoal e local; sou pela guerra inspirada num motivo verdadeiramente nobre - o de tornarmos nossa terra independente de Portugal. Senhores, até quando havemos de ser colônia de portugueses? Não poderemos prosperar enquanto não nos pertencerem os nossos próprios destinos. É chegada a ocasião de quebrarmos a pesada cadeia que nos acorrenta. Não deixemos para mais tarde uma obra grandiosa, que podemos realizar hoje com algum esforço e sacrifício. Se há dois anos, por ocasião da fuga de Castro Caldas, tivéssemos levantado bem alto a bandeira da independência brasiliense, conforme propuseram Bernardo Vieira de Melo Silva e outros patriotas insignes, não estaríamos agora derramados por estas matas, separados de nossa mulheres e filhos, curtindo as mágoas e dores, comendo o sobressaltado pão do homizio. Padre Guerra, que fazeis, vós que sois amigo particular de D. Manoel,