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Página:Luciola.djvu/41

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escadas da segunda ordem desejava ter-me enganado.

Preciso dizer-lhe a razão?

Ela não estava só: uma multidão de adoradores invadira a porta de seu camarote. Cortejei-a e passei, esperando a ocasião em que lhe pudesse falar. Tudo quanto achei para mandar levar-lhe foi sorvetes, doces, algumas flores de baile que vendiam à porta, e o libreto da ópera. As mulheres, a senhora o sabe por experiência, agradecem mais essas pequenas atenções de que a cercam, do que os verdadeiros sacrifícios; e eu tinha resolvido fazer a conquista de Lúcia por oito ou quinze dias.

Estive com ela no intervalo seguinte.

— Não tinha nem uma moça bonita do seu conhecimento a quem dar estas flores tão lindas? disse apertando-me a mão e mostrando dois cactos que se estrelavam, um no seio e outro entre os seus cabelos.

— Sabes quem as mandou?

— Adivinhei pelo cheiro É tão suave!...

— Ficam-te muito bem; parecem ter nascido aí entre as rendas e os cabelos.

— Hei de enfeitar-me sempre assim.

— E com as flores que eu te mandarei todas as manhãs.

— Disse isto à toa. Não tenho paciência, nem gosto para estas coisas! Agora foi uma lembrança e já me está aborrecendo, replicou, batendo com a ponta dos dedos afilados nas pétalas da flor.

Notei no tom de Lúcia durante o resto desta conversa uma diferença extraordinária com o modo singelo e modesto que ela tinha em sua casa; agora era a frase ríspida, incisiva e levemente embebida na ironia que destilava de seus lábios, e cujas gotas