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embebe-se na lição do mestre, assimila ao seu espírito o espírito do modelo. Tal se pode dizer de Guilherme Malta nos seus dois poemas Un cuento endemoniado, La mujer misteriosa e nos fragmentos.

Há nessas composições muitas páginas comoventes, outras joviais, outras filosóficas; e descrições variadas, algumas delas belíssimas, imagens e idéias, às vezes discutíveis, mas sempre nobremente expressas, também as achará o leitor em grande cópia. O defeito desses poemas, ou contos, que é a designação do autor — me parece ser a prolixidade. O próprio poeta o reconhece, no Cuento endemoniado, e contrito pede ao leitor que lhe perdoe:

............................... las digresiones
Algo extensas que abundan en mi obra.

A poesia chamada pessoal ocupa grande parte do 2.° volume, talvez a maior. Os versos do poeta são em geral uma contemplação interior, coisas do coração e muita vez coisas de filosofia. Quando ele volve os olhos em redor de si é para achar na realidade das coisas um eco ao seu pensamento, um contraste ou uma harmonia entre o mundo externo e o seu mundo interior.

A musa de Malta é também viajante e cosmopolita.