O poeta, apesar de cingir-se à poesia, Não fez entrar na peça as damas. Que porfia! Que luta sustentou em prol do sexo belo! Que alma na discussão! que valor! que desvelo! Mas... era minoria. O contrário passou. Damas, sem vosso amparo a obra se acabou!
Vai começar a peça. É fantástica: um ato, Sem cordas de surpresa ou vistas de aparato. Verão do velho Olimpo o pessoal divino Trajar a prosa chã, falar o alexandrino, E, de princípio a fim, atar e desatar Uma intriga pagã. Calo-me. Vão entrar Da mundana comédia os divinos atores. Guardem a profusão de palmas e de flores. Vou a um lado observar quem melhor se destaca. A peça tem por nome — Os deuses de casaca.
Cena I
MERCÚRIO (assentado), JÚPITER (entrando)
JÚPITER (entra, pára e presta ouvido)
Cuidei ouvir agora a flauta do deus Pã.
MERCÚRIO (levantando-se)
Flauta! é um violão.