D. ANTÔNIO - “Que só poetas podem dizer bem” foram as palavras dele. (D. Catarina aproxima-se.) Vês tu, filha? tão divulgadas andam já essas coisas, que até se dizem nas barbas de teu pai!
D. CATARINA - Senhor, um gracejo...
D. ANTÔNIO, enfadando-se. - Um gracejo injurioso, que eu não consinto, que não quero, que me doe... Que só poetas podem dizer bem E que é poeta! Pergunta ao nosso Caminha o que é esse atrevido, o que vale a sua poesia... Mas, que seja outra e melhor, não a quero para mim, nem para ti. Não te criei para entregar-te às mãos do primeiro que passa, e lhe dá na cabeça haver-te.
D. CATARINA, procurando moderá-lo. - Meu pai...
D. ANTÔNIO - Teu pai e teu senhor!
D. CATARINA - Meu senhor e pai... juro-vos que... Juro-vos que vos quero e muito... Por quem sois, não vos irriteis contra mim!
D. ANTÔNIO - Jura que me obedecerás.
D. CATARINA - Não é essa a minha obrigação?