dá um passo para ele.) Mantenha-vos Deus na sua santa guarda.
D. CATARINA - Não... vinde cá... (Camões detém-se.) Enfadei-vos? Vinde um pouco mais perto. (Camões aproxima-se.) Que vos fiz eu? Duvidais de mim?
CAMÕES - Cuido que me quereis ausente.
D. CATARINA - Luís! (Inquieta.) Vede esta sala, estas paredes... falarmos a sós... Duvidais de mim?
CAMÕES - Não duvido de vós; não duvido da vossa ternura: da vossa firmeza é que eu duvido.
D. CATARINA - Receiais que fraqueie algum dia?
CAMÕES - Receio; chorareis muitas lágrimas, muitas e amargas... mas, cuido que fraqueareis.
D. CATARINA - Luís! juro-vos...
CAMÕES - Perdoai, se vos ofende esta palavra. Ela é sincera: subiu-me do coração à boca. Não posso guardar a verdade; perder-me-ei algum dia por dizê-la sem rebuço. Assim me fez a natureza; assim irei à sepultura.