Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/253

Wikisource, a biblioteca livre

D. CATARINA - Não, não fraquearei, juro-vos. Amo-vos muito, bem o sabeis. Posso chegar a afrontar tudo, até a cólera de meu pai. Vede lá, estamos a sós; se nos vira alguém... (Camões dá um passo para sair.) Não, vinde cá. Mas, se nos vira alguém, defronte um do outro, no meio de uma sala deserta, que pensaria? Não sei que pensaria; tinha medo há pouco, já não tenho medo... amor sim... O que eu tenho é amor, meu Luís.

CAMÕES - Minha boa Catarina.

D. CATARINA - Não me chameis boa, que eu não sei se o sou... Nem boa, nem má.

CAMÕES - Divina sois

D. CATARINA - Não me deis nomes que são sacrilégios.

CAMÕES - Que outro vos cabe?

D. CATARINA - Nenhum.

CAMÕES - Nenhum? - Simplesmente a minha doce e formosa senhora D. Catarina de Ataíde, uma ninfa do paço, que se lembrou de amar um triste escudeiro, sem se lembrar que seu pai a guarda para algum solar opulento,