Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/323

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D. CARLOTA - Adeus, doutor!

CAVALCANTE - Adeus. (Dá um passo para a porta do fundo). Talvez eu vá a Atenas; não fuja se me vir vestido de frade.

D. CARLOTA (indo a ele) - De frade? O senhor vai ser frade?

CAVALCANTE - Frade. Sua mãe aprova-me, contanto que eu vá à China. Parece-lhe que devo obedecer a esta vocação, ainda depois de perdida?

D. CARLOTA - É difícil obedecer a uma vocação perdida.

CAVALCANTE - Talvez nem a tivesse, e ninguém se deu ao trabalho de me dissuadir. Foi aqui, a seu lado, que comecei a mudar. A sua voz sai de um coração que padeceu também, e sabe falar a quem padece. Olhe, julgue-me doido, se quiser, mas eu vou pedir-lhe um favor: conceda-me que a ame. (Carlota, perturbada, volta o rosto). Não lhe peço que me ame, mas que se deixe amar; é um modo de ser grato. Se fosse uma santa, não podia impedir que lhe acendesse uma vela.

D. CARLOTA - Não falemos mais nisto e separemo-nos.