Envolto em minha trágica poeira...
E este Deus que tu vês deante de ti,
É já livre e perfeito! E apenas choro
Esse primeiro tempo que vivi
Na adoração dos lagos e dos montes...»
E Jesus tinha um ar saudoso e triste...
Penumbras do Passado esvoaçavam
Em seus olhos profundos onde existe
Essa menina em flôr da sua infancia.
Mas logo um pensamento amargo e duro
Turvou-lhe a fronte clara: assim um rio
Sente subir o lôdo fundo e escuro
Á sua verde e branda superfície.
E continuou dizendo:
«Ah! choro ainda
A minha infancia plácida e serena...
Vida de sonho e névoa ... luz infinda
Envolvendo e beijando a Natureza...
Mas a vida febril, consumidora
Dos ultimos momentos, quando a Terra
Para mim era Inferno, e a luz da aurora
O tentador sorriso do Peccado!
—Essa vida terrivel foi meu erro!
E é hoje o meu remorso, a minha dôr.
Se findou para mim, ela ainda existe
No coração dos homens sem amor!
Quantas guerras! incêndios! quantos crimes,
Sobre este mundo tragico acendeu!
Ah, porque foi que desprezei a Terra,
Se ela é filha legitima do Céu?