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Página:Marános, Teixeira de Pascoaes, 1920.djvu/135

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E poz-lhe pão e leite sobre a meza...


Lá fóra, ouve-se o vento declamando
Sua tragedia aérea ... E Dom Quixote
Na Saudade seus olhos descançando,
E com sombras na voz, continuou:


«Perdida a minha lança e o meu escudo,
Não por fraqueza vil, mas por traição
De encantados gigantes, vejo em tudo
Minha humildade escura de vencido!
Vejo em tudo a Tristeza, porque, emfim,
Seu amôr me pertence, de tal sorte,
Que eu sou mais da Tristeza e da Aventura,
Bem mais! bem mais! do que da propria Morte!
Esta Triste Figura, quem m'a deu?
Foi um ventre materno? Foi esta alma
Que subindo-me ao rosto, o escureceu,
N'ele espalhando a noite sempiterna!...
Ah! meus olhos perderam a visão
Da Alegria chimerica! e meus pés
Que fôram altas azas na amplidão,
Ei-los crucificados sobre a terra!...»


Ia ouvindo Marános; e a Saudade
Silenciosa ouvia; e nos seus olhos
Um alto e doce luar de piedade
Sorria ao Cavaleiro em sua noite...


E Marános lhe disse: «Conheci
Teu nome glorioso em todo o mundo!

E em verdade eu afirmo: ainda não vi