Em viçosos remansos de arvoredos
Que nos longes phantasticos desmaiam,
Sob chuvas fluidicas de cinza . . .
Viam longínquas terras habitadas,
Tão cheias de tumulto ! mas de ali
Pareciam desertas e inundadas
D'um silencio egual ao da Montanha;
Pois todo o largo mundo para quem
O contempla das altas cordilheiras
É livido deserto sem ninguém,
Como a face mortal da lua morta ... .
E esta visão do mundo já sem vida,
Gravitando na noite e no silencio,
Palpitava na vista dolorida,
Mas quasi indiferente da Saudade,
Porque ela, sendo vida além de ser
Vivente creatura, sem tristeza
Contempla as cousas mortas, seja amor
D'um coração ou flor da Natureza . . .
E Marános sofria ante a aparência
Defunta das distancias, porque ele era
Apenas o sêr vivo, a flor que treme
Só de lembrar o fim da Primavera.
E a Saudade, de pé, nas altas rochas,
Ao lado de Marános, embebia
Os olhos negros de alma na Paisagem
Que a luz do sol, fugindo, entristecia . .
Era bela, no Azul, a branca linha
De seu perfil voltado para Além . . .
E era belo seu corpo que a tardinha,
N'um gesto de chimera e de penumbra,