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Página:Marános, Teixeira de Pascoaes, 1920.djvu/58

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Uma Nevoa de branca fórma angelica,
Toda embebida em luz do sol nascente,
Mais ia pelo chão do que voava...


Esta fecunda terra bem amada,
Esta amorosa terra maternal
Depois da sua mystica descida
E do repouso idylico do Vale,
Tomando novas forças, se alevanta
Em pequeninas ondas que se vão
Turvando, pouco a pouco, e sobrepondo
Até aos altos sêrros do Marão.


E assim a bela encosta se ia erguendo
Com enternecimentos de arvoredos,
De bois pastando e moças a cantar;
Depois, já com rudezas de penedos,
Rugas que a Dôr em lagrimas cavou
E vagas expressões de nevoeiros...
Terra idylica e doce, toda envolta
Em seu verde cabelo de pinheiros,
Que a estranha visinhança azul do céu,
A tentação divina das alturas,
Em fragaroso drama converteu...


Eram já as raizes da Montanha.


E Marános, que tinha nos seus olhos
A fome secular, olhava, olhava
O horisonte que, ao passo que subia,
Mais distante e mais largo se tornava.

E a branca Névoa humana, á sua frente,