Da terra, proclamavam:—Deus está
Nas cousas que tocamos, escondido—
E os outros:—Em nós próprios ele existe!—
Tão grande era a cegueira, que não viam,
Em seu odio e rancor que nada acalma,
Que tudo o que se avista com os olhos
É o mesmo que se sente com a alma!
Não sabiam que o Céu, longinquo e vago,
É a mesma pura Essencia indefinida
Que anima o fogo e as pedras ... e que o Amor
É irmão da Dôr, e a Morte irmã da Vida!
Não sabiam que o Reino Espiritual
Pertence á mesma ignota natureza
Das Cousas, só mais belo e mais perfeito,
Na alegria, no amor e na tristeza,
Porque as Creaturas vivas que o povôam
Já não são de materia organisada;
São a Carne liberta e redimida,
Espiritualisada e consagrada
Pela chama vital que o Corpo humano
Devora, dia a dia, irradiando
Crua ferocidade e amor fraterno:
Este subindo, aquela rastejando...
«Na sua pobre e misera loucura,
Julgavam sêr o terminus da Vida;
Quando é certo que a humana creatura
Não é um fim, mas antes, novo meio,
Onde nasceu a etérea e transcendente,
Divina Florescencia Espiritual;
Assim como da terra, á luz do sol,
Nasce em rumor e côr um pinheiral...