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Fóra do lar, a mulher que fôra n'ele uma figura desvalorizada e fraca, manifestou-se sob outro aspecto. Quebrada a algema do presidio, revelou-se. Venceu dificuldades assombrosas, trabalhou, produziu, provou senso organizador, qualidades de iniciativa. Só, e a despeito de mil peias que a falsa situação lhe creava e do choque eminente entre a razão dos seus direitos e a negação da sociedade, creou considerações, elevou-se, cultivou um terreno aspero onde lançou a semente de ideias e iniciativas que indicavam senso, organizador e clareza de raciocinio. Não frutificavam? Não era sua a culpa. Pertencia sempre ao encadeado dos erros sociais. Primeiro, ao entrar por uma porta tão falsa no proscenio da vida social, a mulher que cometer o crime de se libertar, leva aos pés uma nova grilheta. As opiniões já de antemão lhe são desfavora veis. A desconfiança, a insuficiencia de garantias morais e materiais dependentes do meio falso e a impreparação do senso ético, em relação à mulher, são outras tantas improbabilidades de ganhar terreno em que ela possa produzir e revelar-se.

Na mesma continuidade de efeitos vai