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vida n'um véu de ingenua e inexperiente adolescencia.

Era uma criança de quinze anos in- completos. Tinha trinta, o homem que d'ela se enamorou n'um singular coup de foudre. Dir-se-ia que o electrizára repentinamente, á distancia de uma plateia para um camarote, um fluido magnetico irradiando atracção, d'essa natureza vibratil, destinada á humana missão do sacrificio.

Dentro de algumas horas era solicitada a sua vida para partilhar a vida do homem que tão ligeiramente pensára constituir familia.

¿Fôra este original incidente uma obra do acaso?

Não, não era. O misterioso comando da natureza, que tudo regula, aproximára elementos opostos para que do seu choque iminente brotassem faiscas de luz tão precisas para iluminar as trevas con- vencionais. Este episodio era a continua- ção de um simbolismo que começava nas influencias ancestrais originadas na ilegalidade de direitos do homem, e seguia nos efeitos de uma educação conventual, impropria, contraria á natureza de certos sêres, para continuar nas condições em