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Página:Maria Feio - Doida Não (1920).pdf/44

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de movimentos completando a revelação da energia mental luzindo em brilhos de inteligencia e de labor domestico.

Sofrendo porventura, como todos nós, qualquer daquelas manifestações a que vulgarmente se chama falha ou telha, não sofria mais demência do que qualquer deputado que quebra carteiras no parlamento, ou qualquer medico que salva uns tantos doentes e manda outros tantos para o cemiterio sem the serem passados diplomas de loucos.

Ora a atacada da fraqueza de coração que ataca tanta gente normal, e não da loucura da razão no sentido da demência que justifica a permanencia num hospital de doidas, entre loucas furiosas, diz isto a paginas 234 do seu livro «Doida Não!»

«Muitas que talvez me abrissem os braços se eu amasse um fidalgo, embora fosse um vilão, sem se importarem, todavia, que eu faltasse do mesmo modo ao respeito a meu marido, censuram-me e viram-me as costas porque preferi amar um chauffeur, muito embora seja um homem de bem. Não me orgulho do meu feito; mas orgulho-me de ter encontrado um coração que tão bem compreende o meu, e que tanto merece que eu lhe queira como lhe quem. Que esse coração bata dentro do peito de um chauffeur não me envergonho, porque bate num peito honrado que se expoz ás balas dos meus perseguidores para me defender a vida e a razão.»

Analisaremos estas declarações para dispor deduções concludentes. Mas convem reproduzir ainda estas afirmativas da acusada quando o snr. Dr. Sobral Cid lhe dirigira insinuações ácêrca da condição e interesseiros instintos do Manuel: