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Página:Maria O'Neill - Horas de Folga.pdf/109

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horas de folga
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tros mal entrajados, muitos ainda corrompidos, por asquerosos vícios, e não sei como hei de remediar tão triste situação. Reùní-vos para tomar parecer da vossa experiência e saber. Que me dizeis?

Fez-se um longo silêncio. Por fim, o mais velho dos cinco conselheiros ergueu a cabeça veneranda, orlada de longas cãs, e respondeu:

– Meu senhor, a minha idade aconselha-me a nunca me pronunciar de leve sobre assunto de ponderação.

O rei, descontente, franziu o sobrolho e, voltando-se ao segundo, perguntou:

– E vós?

– Eu, meu senhor, entendo que o melhor seria promulgar uma lei que proibisse os súbditos de vossa majestade de adquirirem os bens uns dos outros.

– Sim, disse o rei, essa idéa é exequivel…

E ia continuar, quando o terceiro dos seus conselheiros exclamou com veemência:

– Pelo amôr de Deus, senhor, não faça vossa majestade tal cousa.

Este tinha muitas propriedades que comprara aos outros.

– Porquê? perguntou-lhe o rei num tom impertinente.

– Porque vossa majestade deu tanto a uns como aos outros, e, se uns o perderam, foi por sua culpa; se outros o ganharam foi com o seu trabalho.

– Tendes razão.