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Página:Maria O'Neill - Horas de Folga.pdf/110

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horas de folga

E o rei quedou-se pensativo.

Então o quarto conselheiro murmurou a mêdo:

– Eu lembro que se podiam expulsar da ilha todos os deserdados, porque quem não sabe zelar o seu, menos saberá tratar do alheio.

– Eu não tenho geito para tirano, exclamou o rei indignado.

– Pois eu, meu senhor, disse o quinto, que tinha ouvido tudo em silêncio, acho que o melhor é averiguar as causas por que uns estão ricos e outros pobres e dar-lhes prémio ou castigo segundo se provar que o seu procedimento é bom ou mau, independente isto da situação que disfrutam.

O rei sorriu amargamente, murmurando:

– Que utopias!

– Utopias, meu senhor?

Vendo o rei que nenhum dos seus conselheiros dava um bom alvitre, voltou-se para o primeiro que falára, e disse-lhe:

– Tendes três dias para resolver este negócio. Se ao fim dêles o não fizerdes, direi que vós não vos interessais por mim nem pelo meu povo.

E, abaixando levemente a cabeça aos seus conselheiros, saíu da sala.

Travou-se então uma acalorada discussão e, ao fim de quatro horas, todos os assistentes saíram da sala sem terem chegado a um acôrdo e muito descontentes entre si.

A filha primogénita do rei, e herdeira do trono,