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Página:Maria O'Neill - Horas de Folga.pdf/112

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horas de folga

dos conselheiros de seu pai, vaguear pensativo através das ruas saibradas do jardim.

Era a princesa muito amiga dêste ancião que toda a sua vida conhecêra e lhe manifestára sempre ter por ela a mais sentida dedicação. Vendo-lhe um ar preocupado, chamou uma das suas açafatas e disse-lhe:

– Repara, Domingas: ¿não te parece que D. Julião anda pensativo e triste?

– Não ha dúvida, minha senhora; D. Julião anda triste e pensativo.

Uma das muitas cousas em que os grandes da terra são para lamentar é que geralmente nunca ninguêm os contradiz e todos afirmam cegamente aquilo de que ás vezes êles na propria consciência duvidam. Foi este hábito que ditou a resposta de Domingas, mas desta vez acertou por acaso.

– Bem, disse a princesa, désce prontamente ao jardim e pede-lhe da minha parte que te acompanhe.

A linda açafata atravessou correndo os largos corredores, desceu as escadas aos pulos e, chegando aos jardins desapareceu ràpidamente entre os altos muros de buxo que orlavam as suas ruas.

A princesa seguia-a da janela com a vista e, quando ela desapareceu, murmurou:

– Deus permita que Domingas encontre o bom D. Julião porque fico inquieta emquanto não souber o que o traz mal assombrado.

Momentos depois voltou de novo Domingas, mas