desta vez em passo vagaroso e acompanhando D. Julião.
Conversavam ambos animadamente e a gentil açafata gesticulava muito.
Quando entraram na salinha, onde a princesa os esperava, Domingas, que era curiosa como quasi todas as mulheres, encostou-se naturalmente ao espaldar da cadeira da sua ama na esperança de ouvir o que se ia dizer; mas esta, pessôa discreta, apesar de nova, disse-lhe no tom amigavel em que sempre falava com os seus inferiores:
– Vae para o teu quarto, Domingas, e deixa a porta aberta para o corredor para poderes vigiar que ninguêm venha interromper a nossa conversação.
Domingas retirou-se alegremente por desempenhar uma incumbência de confiança e a princesa, sorrindo, observou a D. Julião:
– É bôa rapariga, mas não confio muito na sua discrição. A gente môça raras vezes sabe calar o que vê e o que ouve.
E D. Julião, de si para si, notou que a princesa Clotilde tinha a arte de fazer as cousas sem melindrar as pessôas, o que é uma rara e simpática qualidade.
– ¿Vossa alteza ordenou-me de vir aqui? perguntou o velho cortesão.
– Não lhe ordenei, meu amigo, pedi-lhe que viesse e eu lhe digo porquê: vi-o passear nos jardins com ar triste e já vae para três dias que o acho