– E’ por isso que os livros dizem que elas têem o corpo fusiforme,
– Eu digo, insistiu Rosa, que me parece um casco dum navio.
– ¿Como viria ela aqui parar?
– Naturalmente, veiu, depois de ferida pelo harpão, já sem fôrças, ao sabôr da corrente.
– ¿Que vem a ser o harpão?
– Harpão é uma espécie de grande seta com longas rebarbas, que serve para ferir a baleia.
– ¿Mas para que caçam semelhante monstro?
– E’ muito util: as suas barbas são empregadas como varetas nos chapeus de sol, nos espartilhos das senhoras, etc. Da sua gordura faz-se um óleo que se emprega no fabrico dos sabões moles, na preparação de couros e até em pinturas, embora tenha mau cheiro. Dizem que os habitantes das regiões onde ha baleias, lhes comem a carne, bebem o oleo e aproveitam os ossos para barcos e várias construções.
– ¿Como sabe o pai tanta cousa ? perguntou Rosa muito admirada.
– Aprendi no primeiro ano do liceu e, apesar de não ter continuado os estudos, não esqueci o que aprendi. Tive sempre muito gosto pela zoologia.
– O que é a zoologia? perguntou a mulher que, até então, andara em volta da baleia admirando-a em silêncio.
– E’ o estudo dos animais. Mas vamos embora.